domingo, 25 de janeiro de 2009

O busão da adrenalina

Eu tenho a sensação de que nunca vou conseguir dirigir na vida. Já houve umas e outras reclamando - reconheço, com razão - do fato de eu não saber no que difere o acelerador e a embreagem. Mentira, eu sei bem qual a diferença entre ambos: o primeiro serve pra acelerar - fico impressionada com a minha inteligência -, e o segundo para que você possa mexer naquele joystick que atrapalha - ou ajuda, depende do ponto de vista - os casais mais animados em horas de pegação dentro do carro.
O fato é que eu, como boa pessoa não abastada que sou, estava dentro do ônibus nosso de todo dia, indo praquele lugar onde sou, ao lado de minha ranzinza consorte, a grande expert universal do Photoshop. Entrei no veículo e, não tendo qualquer lugar vazio para sentar, saquei minha AK-47 e matei dois sentantes a sangue frio. Agora, assim como Perry Smith, irei para a forca. Não, não, não, eu fiquei no fundo do ônibus, com a mochila e a lancheira penduradas ao corpo feito um cabide de cigano.
Pensando na morte da bezerra e na quantidade de euros que perdi com a queda da bolsa, relaxo. Só sei que o baque foi rápido. Minha mochila foi parar a três quilômetros de distância de mim; a bolsa de uma distinta senhora só foi encontrada no colo de um homem que, após a avalanche, tinha a cara de quem foi vítima do Katrina. A sensação é de quem acaba de sair do liquidificador, com pedaços ainda a serem batidos.
A mãe do motorista foi uma das mais elogiadas da viagem e, após o "momento Playcenter," o filho da puta andou a zero por hora, atrasando a vida de todo mundo. Agora, pergunto: pra que eu preciso dirigir, se já tem gente demais nesse mundo capaz de matar todos numa única barberagem?

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Biografia

Enxaqueca, enxaqueca. Resmungo, reclamo. Fico irritada. Resmungo mais um pouco. Ganho um livro.

"Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros que quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-me na luz, no mar, no vento."

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

***
E minha coleção de pequenos tesouros está mais rica.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Coisa feita

Toda vez em que vou ao cinema é a mesma coisa: plantam um sujeito - ou um casal, como hoje - pra infernizar a vida de quem quer simplesmente assistir a um filme pelo qual pagou ingresso. Ou as pessoas perderam a noção de viver em sociedade, ou eu estou às vésperas de completar 86 anos e ainda não me dei conta. Por que diabos as pessoas falam alto, riem quando a cena não desperta tal reação e ficam se agarrando - quase em consumação do coito - em plena sala de cinema?
Alguém pode me explicar por que isso acontece?
Olho pro lado esquerdo e vejo minha companhia rindo indignada com o grau de imbecilidade que uma pessoa - no caso, duas - pode demonstrar num espaço público.
Saímos da sessão embasbacadas. E eu, com a maior vontade do mundo de fazer xixi, desejei ter o machado que uma das personagens usou no filme.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Da redação...aí, coé?!?

Depois de um céu de brigadeiro, na tarde do dia 31, e de uma pontualidade britânica da Transportes Aéreos Marília, estou eu, de novo, no Réveillon da cidade mais carioca do mundo.
É sempre bom voltar... é sempre bom rever todos; melhor ainda é saber que a sensação de deslumbramento é única e permanente. Deixei 2008 com orgulho - ô ano cheio de sensações -; aguardo um 2009 ainda mais caótico e emocionante.
Desejo que todos os meus estejam por perto, mesmo que longe... desejo continuar sonhando com a vida, afinal, "sonhos sonhos são".