domingo, 28 de setembro de 2008

Hospício

Eu, definitivamente, sou cercada por loucos. Sempre me achei bem normal; até demais. Mas estou achando que loucura é contagiosa. Me pego pensando em coisas absurdas, como um jeito de colar a boca de alguém que fala demais, ou em como matar todos os professores da faculdade que pedem que você faça uma monografia de 50 páginas em 10 dias.

Acho que ainda não consigo chegar às vias de fato. Não enquanto eu pensar literalmente com a cabeça. Mas um dia eu chego lá. O fato é que, definitivamente, sou pára-raio de doido.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Sumidouro

Acho digno, para não ser deselegante, quando alguém some. Sim, some. De repente. Você acha que tá tudo bem, numa boa, com aquela conversa que você já sabe e...

SOME...

Quando volta? Ah, acho que nunca esteve... de verdade.


domingo, 21 de setembro de 2008

Cinza

São Paulo é um dos melhores lugares da Via Láctea pra viver. Aqui, tem tudo que uma criatura mediana como eu precisa: cinema, teatro, gente bonita (mas sempre falta alguém), os melhores shows...

O problema é quando a cidade resolve amanhecer cinza na véspera da primavera e você tem todos os textos do mundo pra escrever e tenta olhar pro céu pra ver se o azul te dá inspiração, mas o que consegue é um "bom dia" nublado e sem vida da cidade que te pôs no mundo.

Tem problema não. Eu penso naqueles dias claros dos passeios Leblon-São Conrado, das ilhas do Sul, dos sorrisos daqueles que eu sempre darei tudo para que estejam perto e daqueles que, um dia, de fato estarão - efetivamente.

Aí, a inspiração vem e eu zarpo para o mundo dos meus textos... aqueles apaixonados por vírgulas e pronomes possessivos.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Colóquio

- Oi! E aí, tudo bem?
- Tudo bem.
- Então, tá.

- Humm... não, não tá tudo bem.
- O que houve?
...

- É... nada não, tá tudo bem...
- Então tá. Tudo bem.

sábado, 13 de setembro de 2008

Quando o charme faz toda a diferença

São oito e vinte e cinco. Estou atrasada. Preciso chegar à sucursal do inferno em cinco minutos. Atravesso a rua para ir até  corredor de ônibus. O ponto está lotado. Fico me perguntando por que não tenho um carro. Descubro que a resposta é óbvia; e, também, que carro em São Paulo é assunto pra discussão caótico-sócio-antropológica. Estou atrasada e não tenho tempo pra isso.

Olho para o ponto. Lotado. Caminho até meu lugar de todo dia. Do nada, surge uma voz ao meu lado que diz: "é uma pena que a física ainda não tenha permitido que dois corpos ocupem o mesmo espaço, né?". Solto uma risada envergonhada e um tanto antipática. Continuo andando. No milésimo de segundo depois, tropeço e viro o tornozelo. A voz que estava ao meu lado, agora um pouco mais atrás, completa: "posso ser o seu apoio?".

Aí sim, sorri em agradecimento. Entendi que não se pode debochar de uma cantada destas. A própria física castiga.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Um soco na boca do estômago

Qual a importância do que digo, quando vem um sujeito deste e resume tudo?

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar."

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Eu e a brisa

É fato. Todo e qualquer vento mais forte me carrega. Quem vive em São Paulo sabe que, aqui, quando vai chover ou o tempo tá "virando", vem aquela ventania que descabela qualquer chapinha fortalecida com laquê!

Eu, agora, só saio pra almoçar com aquelas bolas de ferro dos presidiários dos filmes americanos, amarradas aos pés. Não, não é exagero. E olha que, por aqui, não rolam aquelas hecatombes de Katrina, Ike, etc. Eu, no auge de meus 52 quilos, seria sugada feito um papel para o olho do furacão.

E nem adianta falar que eu deveria dar "Graças a Deus" por ser esbelta e tal. Quero ver alguém abrir o guarda-roupa e perceber que todas as calças estão parecendo a fantasia do Bozo. Eu gostava dele, mas sair imitando a marmota, não dá!

Eu visto uma calça e fico parecendo um saco de lixo. Sabe? Aqueles de cinco litros?! Outro dia, comprei uma calça jeans linda - número 36. Quem, pelo amor de Deus, a não ser uma criança, veste 36? - e pensei: "Agora, achei uma que vai ficar jóia". Fantástico! Ela já está folgada e agora cabe uma "Cintia e meia" dentro dela.

Esse povo que inventa dietas - da sopa, da Lua, do Sol, de Marte, sei lá - poderia sugerir alguma de engorda pra mim. Já aviso: como (quase) tudo!

domingo, 7 de setembro de 2008

Tempo, tempo, tempo, tempo

Será que eu sou maluca, ou o tempo passa mais rápido pra mim? É impressionante como não consigo administrar o meu. Eu olho pro relógio e são 11 horas; olho pro céu, vejo que azul que é bom, nada! Penso: "dia ótimo pra sentar a bunda diante do computador e botar a 359 coisas pra fazer em dia". Volto a olhar pro relógio e já é quase uma da tarde! E o que eu fiz?
Dizem que cada um é senhor do seu próprio tempo. Eu acho que quem disse isto, ainda não me conhece. Ele diria pra mim que a mudança não está do tempo para comigo e sim o avesso, do avesso, do avesso.

sábado, 6 de setembro de 2008

A carreira bem encaminhada

Lá vem. Eu. Todo o dia a mesma coisa. Às vinte e duas e cinqüenta, está a moça a me esperar na esquina da rua do metrô. Eu sempre digo que não é preciso fazer essa vigília diária, mas ela replica dizendo que "a violência tá demais". Acho desnecessário. Quem, em sã consciência, vai querer atacar uma criatura esquálida, cheia de sono e de olheiras e carregando uma mochila nas costas? Sim, eu pareço uma tartaruga com aquela mochila imensa pendurada atrás de mim.

Se a proteção funciona ou não, não sei. O fato é que ainda nenhum 'causo' aconteceu. É, deve ser o fato de eu parecer uma tartaruga com olheiras. Chego em casa e minha cama está ali, toda me esperando só pra ela. Eu resisto e digo que não posso ceder a esta tentação, assim, tão facilmente.

Lá pelas tantas (nem tantas assim, uma hora depois), chega a moça com uma caixinha dourada e diz: "Toma, um presente!". Eu penso, que dia é hoje mesmo? Não, não. O aniversário é só no mês que vem. Ufa! Já pensou o grau de insanidade da pessoa que esquece as próprias bodas? Eu abro o pequeno objeto e vejo uma corrente com um pingente de uma imagem. Ótimo, não conheço nada de santo e pergunto: "Que santa é essa?". A moça diz que só eu mesma pra escolher a profissão e não saber o santo protetor. "É Santa Clara, Cintia!", disse ela.

Durante cinco segundos, fiquei pesquisando em meu HD cerebral...Santa Clara não é aquela dos dias de sol, da clara de ovo? Ou a padroeira da televisão? Será que a minha mãe (sim, a moça é minha mãe) está achando que eu faço jornalismo pra apresentar o Jornal Nacional? Assim como o de Maysa, meu mundo caiu. Não, é melhor que ela ache isso mesmo. Assim, é mais fácil dizer: "Mãe, tô indo pro jornal!". Ela, com certeza, vai achar que estou mais segura.