É verdade. São Paulo tem shopping center demais. Tudo bem, virá uma “meia dúzia de três ou quatro”, como diria João Ubaldo Ribeiro, reclamar: “Você quer o quê? Não tem praia aqui mesmo, só nos restam os shoppings”. Só isto? Uma cidade tão grande, que mais parece um país dentro de outro, não merece “só isto”. O engraçado é que tudo em São Paulo é resolvido no shopping.
A hora do almoço é o momento de clímax. É tanta gente junta, que parece época de Natal, na Rua 25 de março. Bom, pelo menos, no shopping, não tem a turma do “rapa”. Outro dia, eu almoçava – sim, no shopping – e presenciei uma reunião de negócios. Como é que se discute ou negocia algo, em meio a uma turba ensandecida com hormônios alterados?
Eu acho que fui importada de outro mundo. Olho para um lado, vejo uma mãe alimentando um bebê com aquelas papinhas prontas, ao mesmo tempo em que devora o seu fast food; do outro, duas adolescentes – aos berros – conversam sobre o aniversário de um tal “Marcinho” na noite anterior. A pessoa que ali chega, apenas para comer rapidamente, sai com uma crise de enxaqueca que não cura nem com simpatia.
E o que dizer das crianças que correm pelos corredores? Eu me sinto em um jardim da infância às avessas, onde a criança é o penetra, disparando freneticamente entre os adultos. Ainda vai acontecer uma tragédia; vai ser criança caindo no andar debaixo ou atropelando alguma velhinha desequilibrada e desatenta.
Agora o que mata é saber que há teatro – é isto mesmo, casas de espetáculos – dentro de shopping. Alguém já avisou aos interessados que são duas coisas que não combinam? Se isto virar moda, daqui a pouco vai ter gente achando que se compra roupa no teatro; algo do tipo: “Vou ali no teatro comprar uma calça e um par de meias e já volto”.
E por que se instituiu que se vai “no teatro”, “no shopping”? Se toda vez que isto fosse dito, o Professor Pasquale sentisse cãibra, ele já teria amputado as pernas. E eu passei minha adolescência dizendo: “Mãe, vô no shopping!”. Até que, um dia, fui corrigida por uma professora de matemática do ensino médio. Que ironia do destino. Eu, que sempre odiei matemática, fui corrigida por uma professora da disciplina. E por um erro de português!
O fato é que indo “no shopping” ou “ao shopping”, o paulistano adora este programa de índio. E eu, que já bebi desta fonte, fico me perguntando se, naquele tempo, a vida era mais alegre. É, acho que não. Hoje, eu me sentiria muito sozinha naquele mar de gente.
A hora do almoço é o momento de clímax. É tanta gente junta, que parece época de Natal, na Rua 25 de março. Bom, pelo menos, no shopping, não tem a turma do “rapa”. Outro dia, eu almoçava – sim, no shopping – e presenciei uma reunião de negócios. Como é que se discute ou negocia algo, em meio a uma turba ensandecida com hormônios alterados?
Eu acho que fui importada de outro mundo. Olho para um lado, vejo uma mãe alimentando um bebê com aquelas papinhas prontas, ao mesmo tempo em que devora o seu fast food; do outro, duas adolescentes – aos berros – conversam sobre o aniversário de um tal “Marcinho” na noite anterior. A pessoa que ali chega, apenas para comer rapidamente, sai com uma crise de enxaqueca que não cura nem com simpatia.
E o que dizer das crianças que correm pelos corredores? Eu me sinto em um jardim da infância às avessas, onde a criança é o penetra, disparando freneticamente entre os adultos. Ainda vai acontecer uma tragédia; vai ser criança caindo no andar debaixo ou atropelando alguma velhinha desequilibrada e desatenta.
Agora o que mata é saber que há teatro – é isto mesmo, casas de espetáculos – dentro de shopping. Alguém já avisou aos interessados que são duas coisas que não combinam? Se isto virar moda, daqui a pouco vai ter gente achando que se compra roupa no teatro; algo do tipo: “Vou ali no teatro comprar uma calça e um par de meias e já volto”.
E por que se instituiu que se vai “no teatro”, “no shopping”? Se toda vez que isto fosse dito, o Professor Pasquale sentisse cãibra, ele já teria amputado as pernas. E eu passei minha adolescência dizendo: “Mãe, vô no shopping!”. Até que, um dia, fui corrigida por uma professora de matemática do ensino médio. Que ironia do destino. Eu, que sempre odiei matemática, fui corrigida por uma professora da disciplina. E por um erro de português!
O fato é que indo “no shopping” ou “ao shopping”, o paulistano adora este programa de índio. E eu, que já bebi desta fonte, fico me perguntando se, naquele tempo, a vida era mais alegre. É, acho que não. Hoje, eu me sentiria muito sozinha naquele mar de gente.
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