quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

De papo pro ar

O ócio é algo desgraçado. É sim! Não adianta vir Domenico de Masi - com seu "Ócio Criativo" - dizer que as pessoas precisam "se desligar" da agitação e simplesmente fazer nada.

Eu, há pouco mais de uma semana em férias da escolinha do jardim da infância I, já andei pensando os maiores absurdos acerca das mais estapafúrdias - ou até relevantes - situações. Noutro dia desandei a reparar como os filhos dos cantores e compositores brasileiros esculhambam com a reputação que seus respectivos genitores levaram anos, porradas e vaias para conquistar. Eu acho bocejante o que alguns críticos de música fazem quando resolvem se auto-intitular entidades da cultura musical (até porque tal entidade já existe). Mas, como o ócio é a criação do demônio, deito a traçar algumas (más) impressões.

Alguém pode, por gentileza, dizer ao Bena Lobo - sim, filho do Edu Lobo - que cantar não é apenas abrir a boca e soltar a voz? E o que eu vou dizer pra Elis quando a encontrar no ceú? Que a Maria Rita acha que cantar samba é arrastar a melodia até a gente ter vontade de chutar o alto falante ou sentar-lhe a mão na cara? Sem mencionar os enjôos que o filho - o Pedro Mariano - causa quando canta. Pobre da Elis não pode nem descansar em paz, que vem uma meia dúzia de dois ou três filhos fazer a mãe se remexer no túmulo.

E isto foi só um exemplo... um dia esse povo ainda vai entender que as pessoas podem ser também médicos, professores, secretárias, engenheiros, et cétera.
Pensando bem, eu adoro o ócio. Ele me faz ter certeza de que o que penso é realmente um conjunto de disparates, e, mesmo assim, perceber que não estou nem aí pra hora do Brasil mesmo. Eu quero é falar muita abobrinha, beber com meus amigos, ouvir os absurdos que só os meus dizem, abraçar aqueles que estão longe e que me aceitam sempre de volta.
Eu quero o ócio sempre... ou até que meu ofício tome, novamente, as rédeas da minha vida.

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